“A construção civil é um perigo autêntico”
A Salemo e Merca decidiu apostar no sector da construção civil há cerca de seis anos, depois de vários anos ligado às telecomunicacões, a empresa de Palmela espera que nos próximos anos o sector de produtos da construção seja o seu core business principal. Como surgiu a Salemo e Merca? Eu e o meu cunhado… Continue reading “A construção civil é um perigo autêntico”
Filipe Gil
Casais e Secil apresentam KREAR na Tektónica
Bondstone anuncia projecto imobiliário de 700M€ no Algarve
“O Mais Habitação não é todo mau. Vamos ajustar o que é para melhorar e mudar o que é para mudar”
“Sector está unido e extremamente resiliente”
CBRE assessora Bolschare Agriculture na integração da divisão agrícola da Borges Agricultural & Industrial Nuts
Grupo Midea adquire divisão de climatização da Arbonia AG
A ambição do certame que se assume como “ponto de encontro de quem constrói o futuro!”
Grupo Navarra apresenta soluções para uma arquitetura mais sustentável
Tektónica e SIL em grande destaque no CONSTRUIR 506
ERA debate desafios da nova habitação no SIL
A Salemo e Merca decidiu apostar no sector da construção civil há cerca de seis anos, depois de vários anos ligado às telecomunicacões, a empresa de Palmela espera que nos próximos anos o sector de produtos da construção seja o seu core business principal.
Como surgiu a Salemo e Merca?
Eu e o meu cunhado fundámos a empresa em 1982, procurámos e estabelecemo-nos num nicho de mercado para fazer aquilo que os outros não queriam fazer e fazer as coisas pequenas, difíceis e complicadas. A empresa foi crescendo e mantendo os clientes, como a Siemens e a Alcatel, que nos acompanham há muito tempo. Entretanto a empresa foi evoluindo naturalmente pela solicitação do próprio mercado e pela qualidade do serviço. Começámos no Seixal, e estamos há cerca de 12 anos na zona de Palmela.
E isso deveu-se, com certeza, ao crescimento da empresa…
Esse crescimento deve-se com o boom das telecomunicações em Portugal. Fomos "obrigados" a crescer pelos clientes, já que evoluímos em conformidade com o mercado. Entretanto há cerca de cinco anos passámos de uma empresa de subcontratação para uma empresa de produtos próprios. A experiência que a empresa foi adquirindo do serviço dos clientes passou para a nossa própria experiência, e chegámos a um ponto em que o nível de facturação começa a estar equilibrado entre as duas vertentes da empresa.
Então, qual o maior trunfo da vossa empresa?
O maior trunfo que a nossa empresa é ter capacidade de hoje estar a fazer uma coisa, e para o próximo ano fazer outra, e inclusive, reflectir-se no ano seguinte, não será necessária outra. Os nossos produtos estão constantemente em evolução.
A área da construção surge mais tarde na vossa empresa, em complemento com as telecomunicações, quando e porquê decidiram apostar nesta área?
Começámos a trabalhar a área da construção há cerca de sete anos, isto porque há cerca de 14 anos que percebemos que a área da construção civil é um perigo autêntico, porque as leis de segurança não são cumpridos ou fiscalizados como devem de ser. Na altura desenvolvemos umas pranchas em alumínio e com elas concorremos ao prémio de segurança da seguradora Bonança, e isso despertou-nos para essa área, e mais tarde recuperámos essa área para a empresa. Em Portugal as coisas, na área de segurança, faz-se na base do mais ou menos…
…Mais ou menos, como assim?
Em Portugal a área da segurança na construção civil faz-se, na sua maioria, sem que sejam feitas experiências e garantias de segurança. E como vimos de uma área das telecomunicações, e temos uma filosofia diferente, obriga-nos a que não façamos as coisas como se fazia há dez anos, ou seja estamos preparados para o futuro. Temos até algumas dificuldades em que nos aprovem certos produtos, sobretudo em compósitos plásticos. Ainda por cima quando sabemos que, actualmente, e por exemplo, a industria automóvel é baseada no suporte em plásticos, mas na construção continua a pensar-se que o plástico não é bom.
E qual o balanço que fazem destes sete anos no sector da construção?
Só daqui a dez podemos saber se valeu a pena ou não esta aposta. Mas continuo a acreditar que vale a pena. Porque se um empresário não acreditar num projecto e as pessoas que trabalham com ele não acreditarem não vale a pena. O objectivo é trabalhar, e tentar melhorar sempre, e não nos sentarmos na cadeira a pensar que as coisas já estão bem feitas.
Mas tem sido positivo até ao momento?
Penso que sim, conseguimos pagar aos bancos e aos fornecedores, por isso acredito que sim.
No entanto, a vossa grande aposta é no mercado externo, e não em Portugal, porquê?
O mercado nacional da construção tem alguma relutância a pagar mais pela segurança e também passa-se o fenómeno de se o produto for português, o mercado desconfia, para além de ter de custar mais barato como, se por exemplo, for um produto alemão.
Estiveram presentes na última Construmat, em Barcelona, e não nas últimas edições das feiras nacionais do sector em território nacional, vão continuar a seguir essa estratégia?
Sim, vamos. Anteriormente já marcamos presença em várias feiras nacionais, mas como somos um mercado pequeno e todos se conhecem, existe um tendência natural para se esperar temporalmente se a empresa tem qualidade. E embora a aposta em feiras tenha sido mais a nível internacional, não quer dizer que não iremos marcar presença em feiras nacionais no futuro. No entanto, o facto de irmos a mercados internacionais conseguimos fazer negócios para Portugal pois somos visitados pelos principais clientes portugueses.
Como tem corrido a experiência de internacionalização do vosso produtos?
Temos alguma dificuldade porque não abdicamos da marca Segur, que é nossa marca. E já perdemos alguns negócios por isso, pois salvaguardamos sempre o nome da nossa marca e afirmá-la no mercado internacional, o que nem sempre é fácil.
Qual a razão para essa dificuldade?
Em primeiro lugar porque somos portugueses, mas essa é uma questão mais interna. Os nossos clientes internacionais admiram-se com o tipo de organização que temos e os produtos que desenvolvemos. Com os clientes portugueses temos mais dificuldades.
Em relação ao vosso volume de negócios, qual a relação entre a área de negócios de telecomunicações e a construção?
A área de negócios das telecomunicações é ainda a que tem mais peso, mas no futuro penso que a área da construção será a que terá mais peso.
Vão criar mais uma fábrica em Gouveia, qual foi a necessidade?
Pelo facto de estarmos mais próximo da fronteira, já que estamos a sentir falta de espaço aqui em Palmela. A fábrica estará pronta dentro de oito a nove meses. Conto que este trabalho que tem sido feito nos últimos tempos dê os seus frutos, e para isso temos de ter capacidade de resposta .
Em relação ao volume de negócios, como está a correr o ano?
Evoluímos muito em 2006 e 2007. Mas o nosso principal objectivo é desenvolver projectos, estudá-los bem estudados, digamos que o volume de negócios vem por acrescimento. Mas voltando aos números este ano crescemos cerca de 40% em relação a 2006. No entanto, há que referir que 2003 foi um ano muito difícil, porque na subcontratação muito clientes com projectos em andamento congelaram os negócios. Mas isso foi também numa altura em que poucos clientes tinham muito peso. Actualmente nenhum dos nossos clientes tem mais de 20%. E o objectivo é que a empresa possa sobreviver nas épocas menos boas.
Para a área da construção quais os produtos que destacam?
Temos umas torres profissionais e umas de bricolage, e as pranchas para andaimes.
Os vossos produtos são amigos do ambiente?
O ambiente é demasiado valioso para ser rotulado. E nas nossas fábricas há cuidado com o ambiente. Estamos a eliminar alguns produtos químicos e ácidos para termos apenas alcalinos. Porque se gasta mais dinheiro a tratar as águas, do que o tratamento de superfície de alguns produtos.
Como espera ter a vossa empresa daqui a dez anos?
Espero ter uma empresa mais madura, e com mais juventude a trabalhar. Aproveitar a força da juventude. Espero é que a lei de trabalho mude, para que isso seja possível. Só conseguimos renovar quadros à custa de crescimento, mas há uma altura que temos de parar. Pois, actualmente, uma empresa que vá crescendo irá ter uma altura em que a maioria dos profissionais será de uma faixa etária elevada, estando assim a castrar os jovens de entrar no mercado de trabalho. Enquanto isso não for entendido pelos nossos governantes não será fácil para as empresas que durarem muito.