Ateliê á Lupa – Nadir Bonaccorso, nbAA – Arquitectos Associados
A sustentabilidade enquanto principio de intervenção Licenciou-se em Milão, esteve em Valladolid através de uma bolsa de estudo, e posteriormente abriu ateliê em Lisboa. Que experiências guarda destes três paÃÂses? A realidade italiana só cheguei a conhecê-la na altura em que organizei a exposição «Arquitectos italianos em Portugal», onde tive a oportunidade de trocar informação… Continue reading Ateliê á Lupa – Nadir Bonaccorso, nbAA – Arquitectos Associados
Ana Rita Sevilha
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A sustentabilidade enquanto principio de intervenção
Licenciou-se em Milão, esteve em Valladolid através de uma bolsa de estudo, e posteriormente abriu ateliê em Lisboa. Que experiências guarda destes três paÃÂses?
A realidade italiana só cheguei a conhecê-la na altura em que organizei a exposição «Arquitectos italianos em Portugal», onde tive a oportunidade de trocar informação sobre o que está a acontecer actualmente em Itália, isto porque depois dos primeiros três anos de universidade distanciei-me. Relativamente a Espanha, durante o ano em que lá estudei percebi que são muito técnicos e que tem por trás um sistema muito diferente do que existe cá ou em Itália. Acabei por chegar a Portugal fundamentalmente para fazer o projecto de final de curso com o arquitecto Carrilho da Graça, e acabei por ficar. De uma forma geral foram experiências diferentes mas marcantes.
Como foram esses anos em que colaborou com Carrilho da Graça?
Foi uma experiência seguramente marcante. Desses anos, de 1993 a 1996, passei um ano em Macau a acompanhar a obra da recuperação das RuÃÂnas de São Paulo, por isso estive um ano a trabalhar num projecto dele mas com uma certa autonomia. O ateliê do João LuÃÂs Carrilho da Graça é um ateliê muito perfeccionista, muito duro, em que as horas dedicadas àvida pessoal são mÃÂnimas ou desaparecem. Aprendi muito com essa experiência, mas não diria que estou a seguir o mesmo método ou filosofia.
E após essa colaboração?
Tive uma pequena colaboração com o arquitecto VÃÂtor Figueiredo, e depois fui trabalhar na Profabril, no projecto de execução do edifÃÂcio da Torre Vasco da Gama, o que foi uma grande desilusão porque o espirito empreendedor em Portugal não é muito definido. Foi muito cansativo, lidar com os objectivos desta empresa tão distantes dos meus, mas foi uma experiência também ela marcante de como não se deve formar um ateliê ou uma qualquer empresa.
Posteriormente formou o seu próprio ateliê?
O ateliê nasceu em 1997 e começou por uma mesa e um computador numa sala que foi evoluindo passo a passo.
Participam em inúmeros concursos, nacionais e internacionais. Qual o balanço que faz dessas participações?
É um balanço sem dúvida positivo, mas existem sempre aquelas conversas marginais, que é algo a que eu não presto muita atenção. È sempre um desafio e a parte mais importante é a possibilidade de nos esforçarmos para dar um passo àfrente em termos globais. No entanto, é verdade que exigem muito no aspecto burocrático e menos nos aspectos arquitectónicos. É um trabalho cansativo e caro, mas não me queixo.
E o trabalho com privados?
Não existe muita encomenda, mas é um mercado mais atento e com potencialidades de expansão. Um ateliê vai crescendo aos poucos, mas tenho tido imensa sorte com os clientes.
Foi num concurso que ganharam o 1º prémio para a Polis do Cacém com o projecto do Jardim de Infância Popular, com o qual ganharam uma menção especial do Prémio de arquitectura sustentável, Fassa Bartolo. Que técnicas e soluções foram adoptadas nesse projecto?
Nós fazemos trabalhos em que a sustentabilidade é uma premissa, tal como o é o programa, o terreno e o território, entre outros. Na realidade não é nada de especial, é somente um dado nesta grande receita. Basta ter uma certa atenção a estas problemáticas, ter especial cuidado com os pormenores e com os aspectos técnicos, mas basicamente são regras. Neste caso, sendo uma escola, o que propusemos foi a possibilidade de tocar as várias temáticas, nomeadamente na poupança da água com o reaproveitamento das águas pluviais, a poupança energética através da colocação de painéis solares e uma boa ventilação. São temáticas simples em que o trabalho de equipa é fundamental.
Consegue definir um edifÃÂcio sustentável?
Um edifÃÂcio sustentável é um edifÃÂcio que utiliza de uma forma coerente os recursos que existem. Possui um bom isolamento e uma boa inércia térmica no interior, ou seja, paredes e pavimentos que consigam manter a temperatura interior, e fundamentalmente é um edifÃÂcio com uma boa orientação solar.
Este tipo de construção já está implementado em Portugal?
Estamos a mudar de direcção, mas ao longo das últimas décadas ficámos acomodados com a resolução dos problemas térmicos através de ar condicionado e aquecimento. Quando se faz arquitectura é muito mais fácil estar somente a traçar formas e linhas, e não estar a pensar em espessuras de paredes e em orientações e exposições de uma forma consciente, o que pode dar a volta a um projecto. Isso foi o que aconteceu com o jardim-de-infância, onde a orientação solar tal como o programa definiu logo um tipo de orientação sobre o qual não podÃÂamos fugir. Acho que Portugal está lentamente a sensibilizar-se com estes problemas.
Ofereceram àAMI um projecto de um abrigo sustentável. Como funciona esse abrigo?
O projecto foi iniciado no dia seguinte àocupação americana no Iraque. Com a experiência no Afeganistão em que tinham morrido mais pessoas em campos de refugiados do que propriamente durante a guerra, tentámos estudar um sistema simples para realojar temporariamente pessoas em condições desérticas com o mÃÂnimo recurso possÃÂvel. Basicamente o conceito é o de uma trincheira, utilizando para a sua construção meios humanos ou mecânicos, com sacos vazios de farinha ou arroz preenchidos com areia, e utilizando cobertores e lençóis de forma a criar ventilação e isolamento. Depois a realidade do Iraque foi diferente, não houve refugiados, todos voltaram para Bagdade e o abrigo ficou sem efeito. Mas fizemos o que na altura achámos mais correcto.
Também fazem projectos de cenografias. O que é que a arquitectura e a cenografia tem em comum?
A relação que eu tenho com a cenografia enquanto arquitecto, não deve ser a mesma que um cenógrafo tem com a cenografia. A cenografia é igualmente um trabalho de equipa, ou seja é uma co-autoria com o encenador, tal como a arquitectura, onde existe um tema proposto e consequentemente uma ideia e um conceito central que é preciso desenvolver. Eu desenvolvo-a, devido àminha formação, de uma forma mais arquitectónica, utilizando várias geometrias, volumes, espaços, luz e sombras e não tanto ao nÃÂvel do objecto como estamos mais habituados a ver neste tipo de trabalhos. Tenho também a sorte de ter feito cenografia em espaços exteriores e noutros que não são propriamente teatros, tais como discotecas e bares, o que ajudou a realizar trabalhos mais próximos da minha formação e da minha capacidade de interpretação dos diferentes espaços.
Ficha técnica
Nome: nbAA – Arquitectos Associados
Morada: Travessa do Carvalho, nº15, 1ºesq, 1200-097, Lisboa
Telefone: 213421143
E-mail: nbaa@nbaa.pt
Projectos: Jardim de Infância Popular, Cacém; Concurso para os apoios de praia, Costapolis, Costa da Caparica; Concurso para o memorial às vitimas do tsunami, Noruega; Concurso para a remodelação do museu de Lamego, Lamego; Habitação unifamiliar, Aroeira; Habitação unifamiliar, Vila do Bispo; Europan 7, Évora; Concurso para o centro comercial Auchan, Itália.