Trabalhos em Timor são aposta da Ensul
António Couto, presidente do Grupo Ensul A aposta em Timor-Leste foi uma das estratégias adoptadas como diversificação da área de negócios. António Couto, presidente do Grupo Ensul enumera algumas das causas para a quase «paralisia» do sector, considerando que é fundamental a aposta no mercado da reabilitação Estando quase no final de 2005, como avalia… Continue reading Trabalhos em Timor são aposta da Ensul
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António Couto, presidente do Grupo Ensul
A aposta em Timor-Leste foi uma das estratégias adoptadas como diversificação da área de negócios. António Couto, presidente do Grupo Ensul enumera algumas das causas para a quase «paralisia» do sector, considerando que é fundamental a aposta no mercado da reabilitação
Estando quase no final de 2005, como avalia o ano para a Ensul? O mercado da construção conheceu, ao longo destas três décadas, várias alterações. Recentemente foi-se tornando mais competitivo, com a oferta e a procura a diminuir. Uma vez mais a Ensul usa a sua experiência e conhecimento para vencer estes novos desafios. O objectivo presente passa por optimizar resultados e melhorar a performance. As dificuldades sentidas no sector da construção e a conjuntura económica pouco favorável foram aproveitados para olharmos para as nossas mais valias, competências e apostarmos em novas parcerias e numa reorganização da nossa estrutura. Fazendo parte de um grupo de empresas com méritos consolidados, conseguimos optimizar energias e competências, alargando a nossa capacidade de resposta, rigor e eficiência.
Qual foi a estratégia do grupo para este ano e, dentro desse campo, o que fica por cumprir em relação ao que se haviam proposto? Apostamos em novos negócios e novas parcerias, apostamos em procurar sinergias internas no seio do grupo para evoluir. Estamos mais capazes, mais sólidos e com uma perspectiva mais alargada dos vários negócios na esfera das nossas competências. O abrandamento da actividade pode ser bem aproveitado e o que fizemos foi investir ao nÃÂvel interno, ajustando a empresa às necessidades do mercado. Reforçámos as competências técnicas e humanas; e como sempre, ao longo destes trinta anos, não nos assustamos com as dificuldades. Pelo contrário, procuramos retirar daàum novo impulso para o futuro. O Grupo Ensul Meci é um exemplo de evolução, adaptação aos desafios, inovação e amplitude. Consolidamos o grupo e racionalizamos os esforços e o benefÃÂcio sente-se ao nÃÂvel da capacidade de resposta.
Os diversos indicadores que regularmente têm vindo a ser apresentados dão conta de um perÃÂodo bastante conturbado no domÃÂnio das obras púbicas. No seu entender que razões estão por detrás do perÃÂodo recessivo em que o sector se encontra? Todos temos a consciência de que os tempos não estão fáceis para o sector da construção em geral e das obras públicas em particular. Uma concorrência excessiva que, não raras vezes, põe em confronto empresas e realidades não comparáveis entre si, desvirtuando, desta forma, as regras do jogo, o esmagamento das margens, a relevância demasiada atribuÃÂda ao factor preço como critério de avaliação das propostas, as restrições orçamentais que condicionam fortemente as decisões de investimento público, o fim de um ciclo autárquico, as limitações ao endividamento municipal, os excessos de uma burocracia exasperante e, por vezes, quase paralisante, que emperra processos e compromete prazos, são algumas das razões para essas dificuldades. O desrespeito pelas condições contratuais, nomeadamente no que concerne a prazos de pagamento, um quadro legal nem sempre ajustado àrealidade moderna, aliados a um clima de desconfiança generalizada e a uma permanente e injustificada tentativa de denegrir a imagem do sector, serão, porventura, outras das causas justificativas da situação com que nos confrontamos.
Em que projectos é que a Ensul está envolvida com maior incidência neste momento? Apostamos na continuidade de projectos de sucesso, de parcerias com diversos clientes institucionais, na dinamização da nossa imobiliária, nomeadamente com projectos no Algarve onde estamos já na 3ª fase da Encosta da Marina além de outros, e em Lisboa, no Parque Expo, com o arranque da construção do Panoramic numa área de construção de cerca de nove mil metros quadrados de habitação e escritórios. Estamos também empenhados em vários projectos de construção pública. Vemos também reconhecido o nosso investimento em Timor com a adjudicação de mais projectos de grande importância na capital timorense, a Maternidade-Escola de DÃÂli, a Escola Portuguesa, o Museu da Resistência ou a Fundação Xanana Gusmão. Para a ENSUL é um momento de grande alegria, pois o investimento que temos vindo a fazer em Timor é reconhecido e podemos não só evoluir no território mas continuar a participar na construção deste paÃÂs.
Num quadro estratégico de internacionalização, como surgiu a possibilidade de estarem presentes em Timor? A nossa presença em Timor Leste, logo em 2000, foi ditada, antes de mais, por razões humanitárias e de solidariedade, traduzidas na vontade de ajudar um povo que muito tinha sofrido, lutando bravamente pela sua autonomia e independência e que bem merecia ser auxiliado no processo decisivo da reconstrução e do desenvolvimento. A opção estratégica foi no sentido de consolidar uma presença permanente e continuada, através da deslocação de pessoal técnico e de enquadramento altamente qualificado, o que possibilitou a criação em Timor de uma estrutura própria dotada de grande autonomia. O passo que se seguiu foi o da solidificação de uma relação de entendimento e de confiança com as entidades polÃÂticas locais, religiosas e com a representação diplomática e organizações portuguesas. Isso permitiu que começássemos logo a participar na recuperação de algumas das infraestruturas mais relevantes, na execução de obras de grande importância e valor emblemático, procurando perpetuar, tanto quanto possÃÂvel, as marcas arquitectónicas portuguesas. Um outro marco importante da nossa presença é a determinante função social que exercemos, através da formação e valorização profissional de milhares de timorenses que connosco têm trabalhado e que, devidamente enquadrados e acompanhados, se vão transformando em profissionais competentes e devidamente habilitados, nas mais diversas especialidades.
Houve algum apoio para o investimento em Timor? Quais são as principais caracterÃÂsticas daquele mercado ? A Ensul não recebeu qualquer apoio financeiro e fez elevados investimentos, nomeadamente na instalação de uma estrutura autónoma. As dificuldades iniciais foram a inexistência de mercado, de estruturas, de condições adequadas para o desenvolvimento da nossa actividade. Mas os timorenses são um povo fantástico em vontade, empenho e aprendizagem. A nossa capacidade técnica e a vontade dos locais foram determinantes. Além do mais apostamos em valorizar a sociedade, apostando em formação e parcerias locais.
Como pensam enfrentar os novos desafios? Os grandes desafios que se colocam ao sector da construção passam, necessariamente, pela aposta na inovação, na modernidade, na valorização e na qualificação, devendo as empresas apetrecharem-se com os recursos necessários para se poderem diferenciar pela positiva e assegurar uma oferta de serviços efectivamente geradora de real valor acrescentado, com soluções técnicas mais globais, ousadas e evoluÃÂdas, que melhor correspondam às necessidades e expectativas dos clientes. Apoiadas em quadros altamente competentes, habilitados e motivados e numa estrutura organizativa e de gestão que permita a monitorização constante e o acompanhamento rigoroso, a contenção de custos, o combate ao desperdÃÂcio, às duplicações e às ineficiências. Também se torna cada vez mais relevante o recurso a parcerias estratégicas, conseguindo sinergias, complementaridades e ganhos em dimensão e massa crÃÂtica que nos permitam estar nos grandes projectos, enfrentar melhor a concorrência externa, procurar novos mercados e novos negócios, desenvolver processos de internacionalização devidamente consistentes e sustentados. Num cenário global marcado pela incerteza e em mutação constante e acelerada, é fundamental trocar a rigidez pela flexibilidade, de modo a afrontar, sem receios, esta realidade e a enfrentar os novos desafios que permanentemente nos vão surgindo pela frente. Sem descurar o escrupuloso respeito por valores essenciais hoje claramente assumidos como os do rigor, da transparência de processos, da eficiência, da qualidade, da segurança, da valorização social e económica, da qualificação urbana e da sustentabilidade ambiental.
A reabilitação continua a ser vista como uma tábua de salvação para algumas empresas. No seu entender, faz sentido esta visão de que a reabilitação urbana é um caminho com futuro? Depende do poder polÃÂtico, das polÃÂticas de arrendamento, dos incentivos àhabitação nos centros das cidades, da celeridade dos processos. Mas é óbvio que as cidades precisam de investir na reabilitação e a Ensul, que está envolvida em alguns projectos dessa natureza, está preparada para dar uma resposta eficaz às solicitações do mercado. A reabilitação é de facto um caminho de futuro para as cidades que têm de atrair mais e melhor população e cuidar do seu património edificado. Sendo uma oportunidade para as empresas é também sinónimo de dinamismo, riqueza e prosperidade para os centros históricos das cidades.
perfil
Longe vão os tempos em que António Couto deu os primeiros passos na construção. A sua ligação ao sector começou quando tinha 21 anos de idade. Antes mesmo de apostar fortemente naquele que é um dos principais grupos do sector da construção em Portugal, Couto foi responsável pela criação de outras pequenas empresas. Fundada em 1978, a Ensul sempre incidiu a sua acção sobre o sector da construção e obras públicas. Actualmente, António Couto é o presidente do Conselho de Administração do Grupo Ensul, do qual fazem também parte a Meci, ligada àengenharia de infraestruturas, e a Ensul Imobiliária, esta criada em 1998.